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Gustavo Figueirêdo, psicólogo clínico

(Con)vivendo no isolamento social


Conviver ou viver em isolamento social sabemos que não vem sendo fácil para ninguém. Pelo menos para a maioria. Mas, por quê? Certamente porque saímos dos nossos isolamentos sociais. Como assim! Saímos dos nossos isolamentos sociais? Sim! Tentarei explicar.


A primeira sociedade que ingressamos quando nascemos se chama: família. Interpretando esse modelo social (a família) para o mundo de hoje é aquela onde passamos a maior parte das vinte e quatro horas do dia distantes uns dos outros. Os membros familiares saem para trabalhar, em média, de oito horas por dia; passam, em torno de, quatro horas no trânsito para ir e para voltar do trabalho; dormimos, mais ou menos, seis a oito horas por dia. Restando do tempo, por volta de, quatro horas para: dedicações pessoais, relacionarmos com os nossos entes queridos, dentre outras coisas mais.


Mas, ainda tem um detalhe: as nossas redes sociais são, geralmente, virtuais. Demonstrando mais um motivo para o nosso isolamento familiar. E o que isso vem pesando para esse momento de pandemia, onde estamos todos confinados? É que não estávamos acostumados ou adaptados a (con)viver tanto tempo assim, juntos, uns com os outros. E aí, o que fazermos?


Segundo Carl Rogers, psicólogo humanista, pontua três facilitações básicas para uma boa convivência relacional: a empatia, a congruência e a consideração positiva incondicional. A empatia é sabermos nos colocar no lugar do outro. A congruência é estarmos sintonizados com os sentimentos do outro. E a consideração positiva incondicional é sabermos aceitar o outro como ele é, independente de quaisquer condições. Se em tempo de não pandemia, exercer essas facilitações básicas, já não era tarefa fácil, imagina agora. Haja vista, já dizia Rogers: se a humanidade fosse digna de compreensão, o ser humano não precisaria de psicoterapia.


No entanto, neste momento da vida, não conseguirmos galgar essas facilitações é porque saímos dos nossos isolamentos pessoais ou dos nossos afazeres diários para ficarmos em convivência com os nossos entes familiares. Fora que a situação nos proporciona a estarmos em sintonia com a nossa essência ou o nosso lado interior. E quando este último não está equalizado com os nossos sentimentos, onde vêm sendo comum através: do aumento da ansiedade, pessoas depressivas,...; aí a possibilidade de compreensão ao outro diminui.


Sabe-se que estamos nos precavendo o máximo que podemos, cada um dentro das suas possibilidades, para que o coronavírus não venha adentrar na nossa vida. Mas, e as facilitações básicas relacionais, como fazermos para que ela contamine: eu, você e toda a humanidade?


Por fim, caro leitor, eis a questão! Para que este tipo de contaminação, através das facilitações básicas relacionais, venha acontecer; só será possível, partindo de você e não do outro.

(Con)vivendo no isolamento social


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