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Foto do escritorGustavo Figueirêdo, psicólogo clínico

Ouvir ou escutar

Atualizado: 19 de out. de 2021


Será que existe diferença entre ouvir e escutar? Não só existe como, à medida que as gerações avançam, as pessoas ouvem mais que escutam. Como assim? Imaginemos cada um em suas casas, quando é propagado da rua, um som de: socorro!!!! O soar de socorro pode ser por vários motivos: ou porque alguém levou uma queda, ou porque está sendo assaltada, ou por tantas outras razões. Neste caso, para os que permanecem em casa, apenas ouviu o som. Diferente de quem foi ao local prestar socorro. Ali compreendeu o ocorrido.


Assim é o processo psicoterapêutico: o exercício da compreensão. Haja vista, o que o psicólogo clínico exerce é – a escuta psicoterapêutica. Certo dia, recebi uma mensagem de um amigo, de autor desconhecido, a qual dizia: “eu sou do tempo do disco de vinil, por isso aprendi que só se escuta tudo quando se escuta os dois lados.”. Esta passagem é uma excelente analogia para o que está sendo discorrido aqui.


Repito, analogia! Na época dos vinis, as pessoas escutavam os dois lados. À medida que as gerações e a tecnologia vão avançando, as pessoas passam a escutar menos, ou ficar menos entretidos com o próximo. Não obstante, depois do vinil, surge o CD. Este é escutado, apenas, por um lado. E no mundo pós-moderno, o que existem são as plataformas de músicas digitais, tipo: spotify. Onde, nessas, não precisamos estar em nenhum lado. Até porque, tudo é virtual. Compreende que, ouvir, vem tomando posse de escutar?


No mundo atual, encontramo-nos ou nos relacionamos, muitas vezes, virtualmente. As redes sociais que nos digam. A vida cibernética, acredito que surgiu, para nos ajudar: no tempo, no espaço e em conhecimento. Haja vista, cada vez mais rápido, e cedo, estamos tendo conhecimento das coisas. A tristeza é que passamos a nos relacionar com menos qualidade, ouvindo mais do que escutando. Construindo relações, seja: no trabalho, na família, ou...; cada vez mais – incompreensivas. Permutando, muitas vezes, nos lugares das escutas as: intrigas.


Com isso, as relações vêm estando cada vez mais machucadas. Muitas e muitas brigas surgem porque, a escuta, ou a compreensão ao outro, não foram proclamadas. Vem de posse aquele jargão: “Entra pelo um ouvido e sai pelo outro.”. Compreende a razão do ouvir, e não mais do escutar?


Por fim, caro leitor, eis a questão! Metaforicamente, com que te identificas? Com vinil, CD ou plataformas de músicas digitais? (risos) Ou seja, vossa pessoa ouve ou escuta as relações às quais estejam inseridas?

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